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O Kindle e o iPad

É incontornável.
A Apple acaba de lançar o Ipad, um "tablet" PC que alguns chamam de "computador de sofá" e que alimentou especulações nunca vistas e uma expectativa gigantesca.

Não vou dizer que "a montanha pariu um rato" mas a verdade é que boa parte das expectativas (talvez fossem demasiado elevadas) não se cumpriu.

De qualquer forma, o iPad veio para tentar conquistar o seu "quinhão" no mercado dos ebooks. E a Apple não quer uma "migalha", quer mesmo uma "fatia de leão". Com efeito, o iPad virá equipado com uma aplicação, iBooks, destinada permitir a compra e a leitura de livros.

O problema do iPad é que, para além da leitura de livros, o equipamento não vem preencher nenhuma necessidade clara...

Gostava que ficasse claro que, embora recente, sou um fã dos produtos Apple. O iPhone é um produto incrível, não há nada parecido, digam o que disserem (é a minha opinião) e a gama iPod é excelente. O novo iPod Nano, com câmara de vídeo incluída, por exemplo, possui não só um belo design mas também funcionalidades e capacidades incríveis.

Dito isto, numa primeira análise de tudo o que vi, imagens e vídeos "hands on" por parte de jornalistas americanos, parece-me que o iPad padece de algumas limitações que acabam por afectar a qualidade do produto final. Algumas relacionadas directamente com a leitura (as que mais nos interessam aqui), outras com o próprio conceito mais geral do equipamento.

Assim, em termos de leitura de livros, surgem algumas desvantagens imediatas:

- Peso
É pesado; 680 gramas (versão com Wi-fi) ou 730 gramas (wi-fi + 3G) o que parece ser incómodo ao fim de algum tempo de leitura. Além disso "obriga" a pegar no aparelho com as duas mãos. Em contrapartida, o Kindle 2 pesa 290 gramas e o Kindle DX 530 gramas (qualquer um dos dois com 3G).

- Autonomia
O iPad possui uma autonomia (anunciada) da bateria de 10 horas. Mesmo que cumpra essa promessa, o que é duvidoso, é (naturalmente) algo de muito!! inferior à autonomia da bateria do Kindle. Os Kindles, com várias horas de leitura diária e a ligação 3G ligada possuem mais de uma semana de autonomia e, se ligar o 3G apenas uns minutos por dia, para sincronizar e comprar livros, a autonomia estende-se por duas semanas.

-  Ecrã
O ecrã do iPad é espectacular, tal como acontece com o ecrã dos iPhones e iPods Touch, mas tenho dúvidas que sejam confortáveis para uma leitura constante e permanente de livros. O mesmo acontece com os ecrãs dos netbooks, ("portáteis pequenos") ou mesmo os portáteis "convencionais", que possuem também ecrãs excelentes. Mas será que são confortáveis para ler um livro "de fio a pavio", de forma confortável e "sem compromissos"? (leia-se, sensação semelhante à da leitura em papel). Penso que não, ao contrário do que acontece com o Kindle, que é feito, única e exclusivamente para "ser lido", ou para ler. Essa é talvez a sua força (e a sua grande fraqueza, também... segundo alguns).

- Preço dos livros
Pelo menos para já as indicações dadas apontam para um custo dos livros superior ao custo dos livros na Kindle Store da Amazon. (2 a 3 dólares mais caros, aparentemente).

Em termos mais gerais colocam-se outras dúvidas e perplexidades, relativamente ao iPad:

- Não possui câmara de vídeo.
- Não permite efectuar várias tarefas ao mesmo tempo (multi-tasking), como o mais barato dos netbooks consegue.
- Os utilizadores vão ficar "limitados" às aplicação vendidas pela Apple na sua loja.
- Não carrega páginas web com "flash", o que limita de forma um pouco anormal a navegação em muuuitas páginas web.
- Não permite fazer chamadas telefónicas nem enviar mensagens SMS.

De qualquer forma, o iPad parece fazer muitas coisas mas sem ser excelente em nenhuma delas. É ainda um produto à procura de uma utilização/necessidade que "obrigue" as pessoas a comprá-lo. Será certamente, num futuro próximo, uma excelente máquina, sendo desde já muito "sexy" e apelativo, como todos os produtos Apple, mas parece-me que ainda tem um caminho mais ou menos longo a percorrer para vencer a competição que quer derrotar no seu próprio terreno: netbooks, laptops, e-readers, PCs, canibalização do próprio iTouch, etc.

Neste momento, na prática, o iPad parece ser um iPod Touch, ou um iPhone King Size, mas sem o apelo da portabilidade que aqueles equipamentos possuem...

Tentando resumir as minhas ideias direi que me parece que o Kindle (e o conceito do leitor de ebooks em geral) está longe de estar "fora de jogo". Estes produtos vão certamente coexistir; aliás os livros adquiridos no Kindle também vão poder ser lidos no novo iPad, pois todas as aplicações para o iPhone (como o Kindle iPhone) correm imediatamente no iPad. Irónico não é?

A qualidade do ecrã, a portabilidade, a autonomia da bateria, a comodidade de compra dos livros e o preço dos mesmos (sem assinatura!) e uma empresa empenhada em permanecer na vanguarda da tecnologia, são a garantia de que a compra do Kindle continuará a ser, durante os próximos tempos, uma boa opção.

Boas leituras, no Kindle, no iPad ou... em papel...já me esquecia.  :-)


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